Unesco debaterá em Belém a alfabetização de adultos
Oitenta ministros de diferentes países do mundo vão debater, em companhia de alguns presidentes, inclusive Luiz Inácio Lula da Silva, no início de dezembro, em Belém, no Pará, a situação em que se encontram as sociedades na questão da alfabetização de adultos.
Este, ao lado da qualidade dos cursos de pedagogia para formar os professores da educação básica, é um dos maiores desafios da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para este ano e a instituição começa a enfrentá-los.
A Unesco quer vencer a eterna polêmica sobre se vale a pena ou não investir em educação de adultos. Para Vincent Defourny, representante da Unesco no Brasil, esta é uma questão superada. Claro que vale, e os estudos sobre retorno de investimento estão aí para comprovar o acerto destas opções políticas.
A situação do Brasil nas questões com as quais a Unesco se preocupa no momento não é boa. Da meta de alfabetizar 10 milhões de adultos, fixada em 2003, o país conseguiu apenas 1,5 milhão. Hoje, são 12,5% de analfabetos, taxa que já foi de 10%, quando se considerava erradicado o analfabetismo pelos parâmetros internacionais. Em números absolutos, são 14 milhões de analfabetos.
A informação que a Unesco obtém de estudos técnicos realizados em instituições de alta qualidade é que o retorno do investimento na educação de adultos é alto, e os ganhos são maiores sobretudo para as mulheres. Este é um tema prioritário para este ano.
O outro desafio para a instituição continua sendo o problema crônico da aprendizagem, que não é fácil resolver. Neste quesito, a situação brasileira também é grave.
Paolo Fontani, novo coordenador do setor de educação da Unesco, aponta que 68% dos brasileiros chegam ao fim de oito anos de estudos básicos sem saber ler, escrever e compreender. O que acontece em sala de aula ainda é um mistério. E aqui já foi várias vezes identificado o problema crucial da formação do professor.
A Unesco também incluiu entre os seus desafios do momento o investimento na qualidade e formação dos educadores, com uma revisão profunda dos cursos de pedagogia e de licenciatura, inclusive dos currículos. Um amplo diagnóstico da carreira docente está também em preparação, especialmente aqueles professores que atuam na educação básica.
O magistério é a terceira carreira com maior número de profissionais. A primeira é a de escriturários, a segunda de funcionários do setor terciário, e a terceira a do magistério. Na área básica, são 2 milhões de profissionais. Levantamento a ser concluído em dois meses mostrará a carreira, a formação e a inserção no mercado de trabalho.
Aproximadamente 80% desses professores trabalham em uma única escola e não em várias, como dizia a mitologia; 90% deles têm nesta atividade o seu trabalho principal, outro rompimento de falso dogma. A grande maioria dedica-se 30 horas aos seus alunos.
Outro diagnóstico parcial do estudo é que as áreas mais carentes de professores são as de física e química (faltam 60 mil e 49 mil respectivamente), e como não há mestres adequados, acabam sendo também as de qualidade insuficiente, porque são recrutados, para dar aulas destas disciplinas, professores de outras especialidades.
A Unesco espera promover um rico debate sobre estes dois desafios que agridem os sistemas educacionais do Brasil e de muitos outros países do mundo, inclusive dos países do mundo desenvolvido.
Da conferência - a sexta de abrangência internacional sobre educação de jovens e adultos, a realizar-se em Belém na primeira semana de dezembro - espera a Unesco colher um plano completo de ação para melhorar a educação de adultos em todo o mundo.
Fonte: Valor Econômico (Por Rosângela Bittar)
domingo, 27 de setembro de 2009
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