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sexta-feira, 29 de maio de 2009

PAZ



Isso pode evocar uma idéia de passividade, mas Paz não é inação, como mostrou Gandhi ao mobilizar um país de forma pacífica, através da filosofia do Ahimsa (não-violência). Gandhi definiu a manifestação do Ahimsa assim:

A não-violência não consiste em renunciar a toda luta real contra o mal. A não-violência, tal como eu a concebo, empreende uma campanha mais ativa contra o mal que a Lei do Talião, cuja natureza mesma traz como resultado o desenvolvimento da perversidade. Eu levanto, frente ao imoral, uma oposição mental e, por conseguinte, moral. Trato de amolecer a espada do tirano, não cruzando-a com um aço mais afiado, mas defraudando sua esperança ao não oferecer resistência física alguma. Ele encontrará em mim uma resistência da alma, que escapará de seu assalto. Essa resistência primeiramente o cegará e em seguida o obrigará a dobrar-se. E o fato de dobrar-se não humilhará o agressor, mas o dignificará...
O Ahimsa não é somente um estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal. O Ahimsa não é coisa tão fácil. É mais fácil dançar sobre uma corda que sobre o fio da Ahimsa.

Também na cultura judaica, o termo hebraico Shalom, traduzido como "paz", também tem um significado que nos remete a ação. Shalom deriva de um radical que, conforme sua maneira de ser empregado, pode significar o fato de completar ou concluir um trabalho, por exemplo, completar a construção de uma casa (1Rs 9.25); o ato de restabelecer as coisas em seu antigo estado, em sua integridade, por exemplo, "apaziguar" um credor ao pagar o débito de uma transação comercial (Ex 21.34) ou cumprir os votos a Deus (Sl 50.14).

Se queremos uma cultura de paz, é preciso, antes de tudo, ATITUDE para cultivar a paz em nós mesmos, expandindo assim para nossas ações, para nossa família, para nosso círculo de influência, para nosso trabalho, para nossa comunidade... vocês entenderam, né? Não dá pra pular etapas. De que adianta ler todos os dias coisas esotéricas de qualidade, com mensagens de paz, amor, compreensão, idealismo e filosofia, se quando no dia em que o autor resolve pirar o cabeção você se desestabiliza e exige enraivecido o seu "pão nosso de cada dia", que o mantém artificialmente "em paz"? Corre o risco de ficar com a ambiguidade da garotinha da foto, que tem o olhar infantil mais assustador desde a criancinha de "Cemitério Maldito".

Nunca poderemos implantar com sucesso utopias espiritualistas ou sociais, como a anarquia, enquanto formos apenas reflexo dos velhos modelos (e bota velho nisso!). A Briba diz: "Não se põe vinho novo em jarro velho". Precisamos primeiro nos tornar o novo, para que haja o novo! "Seja a mudança que você quer ver no mundo", já dizia o Mahatma. Como podemos perceber, não estamos neste mar de incompreensão e turbulência por falta de avisos. As mais diversas religiões dão ênfase a uma certa mensagem que, se aplicada no dia-a-dia, transformaria todas as relações sociais. Uma regra de conduta, que é chamada a "regra de ouro":

HINDUÍSMO:
Não faças aos demais aquilo que não queres que seja feito a ti; e deseja também para o próximo aquilo que desejas e aspiras para ti mesmo. Esse é todo o Dharma, atenta bem para isso
(Mahabharata, apud. Rost, p.20; Campbell, p.52)

JUDAÍSMO:
Não faças a outrem o que abominas que se faça a ti. Eis toda a Torá. O resto é comentário
(Hillel, apud. Shclesinger & Porto, p.26; Rost, p.69)

Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor
(Levítico 19:18)

ZOROASTRISMO:
Aquilo que é bom para qualquer um e para todos, para quem quer que seja - isso é bom para mim... O que julgo bom para mim mesmo, deverei desejar para todos. Só a Lei Universal é a verdadeira Lei
(Gathas, apud. Rost, p. 56)

BUDISMO:
Todos temem o sofrimento, e todos amam a vida. Recorda que tu também és igual a todos; faze de ti próprio a medida dos demais e, assim, abstém-te de causar-lhes dor
(Dhammapada, apud. Rost, p.39)

CRISTIANISMO:
Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, porque isto é a Lei e os Profetas
(Mateus 7:12)

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei
(João 15:12)

ISLAMISMO:
Nenhum de vós é um verdadeiro crente a menos que deseje para seu irmão aquilo que deseja para si mesmo
(Hadith, apud. Rost, p. 103; Campbell, p.54)

FÉ BAHÁ'Í:
Ó Filho do Homem! ...Se teus olhos estiverem volvidos para justiça, escolhe tu para teu próximo o que para ti próprio escolhes. Bem-aventurado quem prefere seu irmão a si próprio... tal homem figura entre o povo de Bahá'í
(Palavras do Paraíso; "Terceira" e "Décima" folhas do Paraíso)

WICCA:
Tudo o que você faz, seja positivo ou negativo, retorna para você três vezes mais
(Lei trina)

CONFUCIONISMO:
Não ordene a outros aquilo que você não quer que seja ordenado a você
(Anacletos 15:23)

JAINISMO:
Na felicidade e no sofrimento, na alegria e na tristeza, respeite todas as criaturas assim como respeita a si mesmo
(Lord Mahavir 24º Tirthankara)

ÍNDIOS NORTE-AMERICANOS:
Respeito por toda a vida é a fundação
(A grande lei da paz)

SIKHISMO:
Não esteja alienado dos outros, pois Deus mora em todos os corações
(Sri Guru Granth Sahib)


O problema é que nem sempre sabemos nos colocar no lugar do outro. Quando muito, achamos que o outro tem de pensar e agir como a gente, e não como um ser autônomo que teve suas próprias experiências e visão de mundo. Então interpretam mal a regra de ouro, achando que devem EMPURRAR aos outros aquilo que "funcionou" com você. Até mesmo remédios que salvam a vida de um podem matar outro! Há ainda outras máximas, presentes também em diversas religiões, que nos exortam a retribuir o mal com o bem:

HINDUÍSMO: Mesmo quando fordes ofendidos devereis falar amavelmente, e quando fordes insultados, respondeis com uma bênção.

ZOROASTRISMO: Responde sempre à maldade com a gentileza, e à perversidade com bondade.

JUDAÍSMO: Se aquele que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer, e se tiver sede, dá-lhe água para beber.

BUDISMO: O homem vence o ódio pelo amor; triunfa sobre o mal por meio do bem; subjuga o avarento por meio da generosidade e o mentiroso por meio da verdade.

CRISTIANISMO: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam.

ISLAMISMO: Afastai o mal com o bem e, eis!, aquele que te era inimigo converter-se-á em amigo amoroso.

FÉ BAHÁ'Í: Deveis mostrar ternura e amor a todo ser humano, mesmo vossos inimigos, e a todos dar acolhida com sincera amizade, com alegria e benevolência.


Fazendo assim, você permanece em equilíbrio consigo mesmo e com o Cosmos/Deus, e é essa união com algo maior que faz a Força.

ISLAMISMO: Alá soprou na alma humana o seu próprio espírito (...) dando vida a esse corpo e conferindo um lugar privilegiado na criação. Só que a alma humana esqueceu da sua origem. Compreendemos que a grande carência humana, esse vazio que permeia todo ser humano que sai em busca de um sentido para sua vida, é fruto da desconexão com essa origem divina. (Muhammad Ragip, representante da ordem sufi Halveti Al-Jerrahi)

BUDISMO: Então, Buda fala sobre a vida - a vida de todos nós - usando o exemplo da carroça que tem seu eixo fora de alinhamento. Ele diz que nossas vidas estão fora de equilíbrio. E é esse desequilíbrio que leva ao sofrimento. (Rodney Downey, representante do Zen coreano)

CRISTIANISMO: Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. (João 15:4)


No jogo Actraiser há uma cena que representa a descoberta da música. Composta em homenagem a um desconhecido encontrado morto no deserto, os aldeões entregaram a música como uma oferenda (Sasagemono, em japonês) a Deus, citando que ela possui misteriosos poderes, como acalmar o coração dos homens e suavizar suas dores. Fiquei imaginando o compositor do jogo, Yuzo Koshiro, com a incubência de criar A música primordial, que represente não só UMA música, mas a descoberta da música.

Num súbito momento de inspiração, o compositor sonha com uma singela melodia, cujas notas simples vão sendo trabalhadas em um violão. Logo, o piano possibilita a ele expandir no campo musical, desenvolvendo uma base sólida por onde as notas primárias possam desfilar. Posteriomente, a música é transferida para uma nova mídia, a eletrônica, onde novas possibilidades passam a ser exploradas, como a inserção de um coro angelical e a beleza de uma flauta. Então, o que era uma simples melodia oculta numa só mente passa a ser o guia de toda uma orquestra, quando mais de 50 pessoas se juntam para realizar cada uma seu trabalho (Shalom) - diferente dos demais e ainda assim em harmonia - para alcançar um resultado de pura beleza que é, de fato, uma oferenda (Sasagemono) de paz.

Referência: Ahimsa;
FONTE:www.somostodosum.com.br

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