A | B | C | D | E | |
---|---|---|---|---|---|
1 | PROGRAMAÇÃO - HORA DO EDUCADOR | ||||
2 | 55ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE | ||||
3 | DATA | HORÁRIO | ATIVIDADE | ESPAÇO | INSCRIÇÃO |
4 | 30-Oct | CICLO DE OFICINAS - O PRAZER DAS FORMAS BREVES | Casa do Pensamento | ||
5 | 9h às 10h | * Minicontos e muito menos - Afronteira às vezes, tênue entre minicontos e outras formas breves com Marcelo Spalding | |||
6 | 10h30 às 11h30 | * A Série Lilliput da Casa Verde, com Ana Mello e Laís Chaffe. Leitura e exercícios a partir de textos dos livros Contos de bolso, Contos de bolsa, Contos de algibeira, Contos comprimidos e Minicontos e muito menos. | |||
7 | 14h às 15h | * Minicontos e humor, com Laís Chaffe. Leituras e exercícios a partir de minicontos de Dalton Trevisan, Marcelino Freire, Evandro Affonso Ferreira, Leonardo Brasiliense, Claudia Tajes entre outros. | |||
8 | 15h30 às 16h30 | * Poema da prosa - Poema não é consentração, condensação? Em vez de um conto de cinco laudas, por que não uma história de cinco linhas? com Lourenço Cazarré. | |||
9 | 20h às 21h | * O prazer dos microcontos, com Marcelino Freire. A experiência na organização do livros Os cem menores contos brasileiros do século. O desafio de contar uma história com poucas palavras | |||
10 | SEMINÁRIO POR UM ESPAÇO ESPECIAL PARA A LITERATURA NA ESCOLA | ||||
11 | 2-Nov | 15h | * Palestra de abertura com Ignácio de Loyola Brandão, escritor (a conf) | Casa do Pensamento | |
12 | 3-Nov | 9h às 11h30 | * Mesa-redonda Literatura - o essencial é invisível aos olhos | ||
13 | Annete Baldi, Editora Projeto | ||||
14 | Anna Cláudia Ramos, escritora e ilustradora, presidente da AEILIJ | ||||
15 | Celso Sisto, escritor e ilustrador | ||||
16 | Beloni Baggio, diretora do Colégio Estadual Leopoldo Tiethbol | ||||
17 | 14h às 17h | * Oficina com a escritora Glória Kirinus | Ducha das Letras | ||
18 | * Oficina com a escritora Kátia Kanton | Ateliê da Imagem | |||
19 | 4-Nov | 9h às 11h30 | * Mesa-redonda Que tipo de leitor estamos formando? | Casa do Pensamento | |
20 | Sérgio Alves, Editora Larousse e Escala Educacional | ||||
21 | Paula Mastroberti, escritora e ilustradora | ||||
22 | Eliana Martins, escritora | ||||
23 | Elizabeth Baldi, diretora da Escola Projetos | ||||
24 | 14h às 17h | * Oficina com ilustrador e vice-presidente da AEILIJ Maurício Veneza | Ateliê da Imagem | ||
25 | * Oficina com o escritor Caio Riter | Ducha das Letras | |||
26 | 17h30 | * Palestra de encerramento com o escritor Bartolomeu Campos de Queirós | Casa do Pensamento | ||
27 | 3-Nov | 18h | * Mesa-redonda O que é qualidade em literatura infantil e juvenil? - Com a palavra o educador: | Casa do Pensamento | |
28 | Elisabeth Serra, Secretária da Fundação Nacional da Literatura Infantil e Juvenil | ||||
29 | Vera Teixeira de Aguiar, professora e escritora | ||||
30 | Ieda de Oliveira, professora e escritora | ||||
31 | 3-Nov | 18h | * Oficina - Brincando com Arte com Viviane Juguero | Arena das Histórias | |
32 | 4-Nov | 16h | * Mesa-redonda O que é qualidade em ilustração de literarurra infantil e juvenil - Com a palavrao ilustrador | Casa do Pensamento | |
33 | Renato Alarcão, ilustrador | ||||
34 | Rosinha Campos, ilustradora | ||||
35 | Ieda de Oliveira, professora e escritora | ||||
36 | SEMINÁRIO POR QUE LER OS CLÁSSICOS DA LITERATURA INFANTIL E JUVENIL | ||||
37 | 4-Nov | 19h | * Palestra de abertura - Por que ler os clássicos? com Ninfa Parreiras e mediação de Elaine Martiza | Casa do Pensamento | |
38 | 6-Nov | 19h | * Encontro Reinações de Narizinho: Mergulho no Reino das Águas Claras com Marô Barbieri e Ana Maria Marshal | Ducha das Letras | |
39 | 9-Nov | 19h | * Encontro Peter Pan: Vôo à Terra do Nunca com Jacira Fagundes e Caio Riter | ||
40 | 11-Nov | 19h | * Encontro Pinóquio: Viagem em busca do humano com Hermes Bernardi Jr. E Dilan Camargo | ||
41 | 4-Nov | 18h | * Palestra Escola é lugar de ler jornal? com Carmen Lozza | Ducha das Letras | |
42 | 5-Nov | 9h | * Oficina Processos de produção literária e produção crítica com Ieda de Oliveira | Ducha das Letras | |
43 | 5-Nov | 18h | * Oficina Teatro na escola- criação e adaptação de textos com Viviane Juguero | Ducha das Letras | |
44 | SEMINÁRIO A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS: OS CONTADORES POPULARES E OS ESPAÇOS DE ATUAÇÃO | ||||
45 | 5-Nov | 19h | * Abertura - Pólen - A menina e as pérolas - Espetáculode dança e narração oral com o Centro Contemporâneo de Pesquisa e Movimento Berê Fuhro Souto (Pelotas) e participação de Celso Sisto | Teatro Sancho Pança | |
46 | 6-Nov | 9h às 13h | * Oficina com ator Laerte Vargar | Ducha das Letras | |
47 | 6-Nov | 9h às 13h | * Oficina com a contadora de histórias Rosana Mont'Alverne | Casa do Pensamento | |
48 | 6-Nov | 17h30 às 19h30 | * Mesa-redonda Os contadores de histórias, os espaços públicos e institucionais e a inclusão social | Casa do Pensamento | |
49 | Laerte Vargas, ator | ||||
50 | Rosana Mont'Alverne, contadora de histórias | ||||
51 | Celso Sisto, escritor e ilustrador (mediador) | ||||
52 | 6-Nov | 20h às 21h | * Sessão de histórias com Laerte Vargas e Rosana Mont'Alverne | Arena das Histórias | |
53 | 7-Nov | 9h às 13h | * Oficina com contadora de histórias Danielle Ramalho | Ducha das Letras | |
54 | 9h às 13h | * Oficina com contadora de histórias Karla Kristina | Casa do Pensamento | ||
55 | 17h30 às 19h30 | * Mesa-redonda Os contadores de histórias, outras culturas e as diferenças culturais | Casa do Pensamento | ||
56 | Danielle Ramalho, contadora de histórias | ||||
57 | Karla Kristina, contadora de histórias | ||||
58 | Marô Barbieri, escritora (mediadora) | ||||
59 | 20h às 21h | * Sessão de histórias com Danielle Ramalho e Karla Kristina | Arena das Histórias | ||
60 | 8-Nov | 9h às 13h | * Oficina com a contadora de histórias Chiquinha | Ducha das Letras | |
61 | 9h às 13h | * Oficina com ator Edmilson Santini | Casa do Pensamento | ||
62 | 17h30 às 19h30 | * Mesa-redonda Os contadores de histórias, a cultura popular e a rua | Casa do Pensamento | ||
63 | Chiquinha, contadora de histórias | ||||
64 | Edmilson Santini, ator | ||||
65 | Ana Terra escritora e ilustradora (mediadora) | ||||
66 | 20h às 21h | * Sessão de histórias com Chiquinha e Edmilson Santini | Arena das Histórias | ||
67 | 6-Nov | 15h | * Palestra Psicanálise infantil de ontem e de hoje com o escritor e psicanalista Celso Gutfreind | Ducha das Letras | |
68 | 9-Nov | 14h | * Oficina Montagem de exposições na escola com o artista plástico Adriano Pedroso | Ateliê da Imagem | |
69 | 9-Nov | 16h às 18h | * Oficina de contação de histórias com ênfase nas técnicas de invenção desenvolvidas por Gian Rodari com Marta Lagarta | Ateliê da Imagem | |
70 | 4º MUTUAÇÃO NA FEIRA - HQs, zines e outras histórias | Casa do Pensamento | |||
71 | 9/11 | 11h | * Palestra Fazendo quadrinhos sobre textos literário com o quadrinista Eloar Guazzelli | ||
72 | 18h | * Palestra Adaptação de clássicos da literatura brasileira para HQ com Sérgio Alves, editor da Editora Scala Educacional | |||
73 | 19h | * Palestra História e literatura em HQ - distração, estímulo, substituto ou expansão do saber com o quadrinista Spacca | |||
74 | 10/11 | 18h | * Palestra Projeto Festival Internacional do Quadrinho e Humor - Pernambuco com o ilustrador João Lin | ||
75 | 19h | * Palestra O conto de fadas em HQ: as composições do leitor digital com Maurício Piccini | |||
76 | 9 a 11/11 | 9h às 18h | * Curso de qualificação para educadores em participação social, solidariedade e mobilização jovem. | Ducha das Letras | |
77 | 9-Nov | 16h | * Oficina de contação de histórias com ênfase nas técnicas de invenção desenvolvidas por Gian Rodari com Marta Lagarta | Ateliê da Imagem | |
78 | 10-Nov | 9h | * Oficina Construindo imagens, colorindo histórias com Cristina Biazetto | Ateliê da Imagem | |
79 | 10-Nov | 18h | * Palestra A cultura oral e a formação do leitor com Juracy Saraiva | Ducha das Letras | |
80 | 11-Nov | 10º ENCONTRO DE ORGANIZADORES DE FEIRAS DO LIVROS DO RS | Casa do Pensamento | ||
81 | 10h30 | * Projeto Leia, manino de Três Passos | |||
82 | 11h | * Programa Permanente de Estímulo a Leitura de Caxias de Sul | |||
83 | 14h30 | * Palestra com o escritor Márcio Vassalo | |||
84 | 1ª SEMANA DA LITERATURA DIGITAL NA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE | ||||
85 | 11-Nov | 19h30 às 21h | * Palestra A literatura na Era Digital: possibilidades e dasafios | Casa do Pensamento | |
86 | Ruben Penz, escritor | ||||
87 | Dodô Azevedo, escritor | ||||
88 | Luiz Paulo Faccioli, escritor | ||||
89 | 12-Nov | 14h às 14h50 | * Bate-papo Os ciberpoemas com a escritora e ilustradora Mônica Papescu | Casa do Pensamento | |
90 | 15h às 15h50 | * Bate-papo O miniconto com a escritora Ana Mello | Casa do Pensamento | ||
91 | 16h30 às 18h | * Oficina Narrar em hipertexto na Era Digital com o escritor Marcelo Spalding | Casa do Pensamento | Módulo 1 | |
92 | 16h30 às 18h | * Oficina Blog-se: dicas textuais e técnicas para blogueiros com o escritor Mauro Paz | Ducha das Letras | Módulo 1 | |
93 | 19h30 | * Palestra O leitor da Era Digital: como aproveitar as novas tecnologias no ensino de literatura | Casa do Pensamento | ||
94 | Paula Mastroberti, escritora | ||||
95 | Ana Klauck, escritora | ||||
96 | 13-Nov | 14h às 14h50 | * Bate-papo com escritora Índigo | Casa do Pensamento | |
97 | 15h às 15h50 | * Bate-papo com o escritor Dodô Azevedo | Casa do Pensamento | ||
98 | 16h30 às 18h | * Oficina Narrar em hipertexto na Era Digital com o escritor Marcelo Spalding | Casa do Pensamento | Módulo 2 | |
99 | 16h30 às 18h | * Oficina Blog-se: dicas textuais e técnicas para blogueiros com o escritor Mauro Paz | Ducha das Letras | Módulo 2 | |
100 | 19h30 às 21h | * Mesa-redonda O futuro do livro | Casa do Pensamento | ||
101 | Ana Gruzinsky, designer | ||||
102 | Índigo, escritora | ||||
103 | Paulo Tedesco, escritor | ||||
104 | 14-Nov | 14h às 14h50 | 1ª Mostra de blogs e narrativas digitais | Casa do Pensamento | 1ª sessão |
105 | 16h30 às 18h | *Oficina Narrar em hipertextos na Era Digital com o escritor Marcelo Spalding | Casa do Pensamento | Módulo 3 | |
106 | 16h30 às 18h | * Oficina Blog-se: dicas textuais e técnicas para blogueiros com o escritor Mauro Paz | Ducha das Letras | Módulo 3 | |
107 | 19h30 às 21h | 1ª Mostra de blogs e narrativas digitais | Casa do Pensamento | 2ª sessão | |
108 | 13-Nov | 9h | * Oficina Estilos de ler, estilos de ver: encantamento, beleza e estranheza na literatura infantil com o escritor Márcio Vassalo | Ducha das Letras | |
109 | 13-Nov | 9h às 13h | * Mesa-redonda A cor da escola: desconstruindo imangens | Casa do Pensamento | Promoção Cecune |
110 | Heloisa Pires Lima, escritora | ||||
111 | Cuti, escritor | ||||
112 | 15-Nov | 14h | * Mesa-redonda Seminário sobre a surdez - Coordenação: Adriana Sommacal | Casa do Pensamento | |
113 | 15-Nov | 20h às 21h | * Aula-espetáculo com escritor Mário Pirata | Casa do Pensamento | |
114 |
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Tabela com a programação da Feira do livro
Postado por EJA SAPUCAIA DO SUL às 20:29 0 comentários
NOVIDADES!
Olá pessoal, a partir de agora toda semana será postado neste blog idéias de atividades manuais para vocês compartilharem com seus alunos. Espero que gostem e esperamos por sugestões.
Olha só essas flores de fita de cetim!
Essas delicadezas podem ser aplicadas em roupas, bolsas, fivelas, tiaras e outros acessórios e, além de tudo, é fácil fácil de fazer. E barato!
Flores de cetim
- 50 cm de fita de cetim (de 2 cm de largura)
- 2 botões decorados
- entretela
- linha
- agulha
Tempo10 minutos
Com esse material você faz um par de flores.
Corte a fita de cetim em duas partes iguais. Uma para cada flor.
O primeiro passo é alinhavar a fita. Começe de baixo para cima e depois siga pela parte de cima, quase rente.
Siga a fita inteira e, quando chegar no final, volte para baixo da mesma maneira que começou:
Agora é hora de franzir. Segure a ponta do início da costura e puxe a linha do final até franzir tudo.
No final ela vai ficar assim:
Pro franzido não desmanchar, dê um ponto no final, pra segurar tudo junto. Não precisa unir as duas pontas ainda.
Assim fica mais fácil de dar os pontos pra unir as duas partes sem perder o trabalho.
Agora você pode passar a linha por dentro da flor, de trás para frente, e prender o botão do miolo voltando com a linha para trás.
Corte um quadradinho da entretela para ajudar a prender o miolo.
Dê um pontinho prendendo no tecido pra ficar bem seguro.
A entretela vai facilitar também a aplicação da flor em alguma roupa, fivela, bolsa etc. Se for da auto-colante então, é só posicionar no tecido e passar o ferro.
Agora vamos às dicas:
1. Se a fita estiver desfiando muito (e cetim desfia que é uma beleza!) você pode selar as pontas teimosas com um isqueiro. Como é sintético, ele derrete e para de desfiar.
2. Se você não achar um botão decorado ou quiser fazer algo menor, utilize uma pérola ou miçanga para fazer o miolo.
3. Outra opcão para emperequetar a sua flor é colocar uma fitinha fina em volta do miolo.
Agora é só usar a imaginação!
Veja como é fácil de fazer uma flor de jujuba. Clique no passo a passo para ampliar a imagem.
Esta pode ser uma sugestão de presente, lembrancinha ou quem sabe até para ganhar algum dinheirinho.Fonte:http://criacores.blogspot.com/
http://www.interney.net/blogs/comofaz/2009/01/28/flores_de_fita_de_cetim/#more29124
Postado por EJA SAPUCAIA DO SUL às 16:56 0 comentários
domingo, 30 de agosto de 2009
Objetivos maiores que a alfabetização: EJA
Paula Sato
Revista Nova Escola - 06/2009
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a escola. Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios desse tipo de ensino, agora se inclui também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho - o que ganha destaque nestes tempos de crise econômica. "Hoje sabemos do valor da aprendizagem contínua em todas as fases da vida, e não somente durante a infância e a juventude", afirma o inglês Timothy Ireland, mestre e doutor na área e especialista em Educação da representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.
Diretor do Departamento de EJA do Ministério da Educação (MEC) de 2004 a 2007, Ireland foi o responsável pela coordenação da sexta edição da Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), o mais importante encontro do mundo na área, que ocorre apenas a cada 12 anos. Sediado em Belém do Pará entre os dias 19 e 22 de maio, o evento foi realizado pela primeira vez na América Latina. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA antes do início da conferência, Ireland apresenta um panorama de sua área e fala das principais questões que preocupam os estudiosos e dos desafios ainda a vencer.
Quando o assunto é EJA, se pensa em primeiro lugar na alfabetização. Essa é a função principal dela?
A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única. No Brasil, a EJA tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando crianças, o que é um erro. A Unesco trabalha com o conceito dos quatro pilares, surgido do desafio apresentado por um mundo em rápida transformação: precisamos aprender a ser, a viver juntos, a fazer e a conhecer. Também há o desafio da participação, da inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que prevê o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de grupos. O Brasil tem segmentos com características bem definidas, como os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as pessoas mais velhas. Todos têm direito à Educação.
O que gerou tantas transformações nessa modalidade de ensino?
Isso ocorreu porque a Educação tem de acompanhar as mudanças que estão acontecendo e interagir com elas. O processo educativo, idealmente, começa na infância e termina somente na velhice. Dessa forma, a EJA tem de ser vista numa perspectiva mais ampla, dentro do conceito de Educação e aprendizagem que ocorre ao longo da vida.
O que essa aprendizagem contínua contempla?
O processo tem três dimensões: a individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua profissão. Um médico, um engenheiro, um físico, todos os profissionais precisam se requalificar. Em momentos de crise, como o atual, isso fica ainda mais necessário. É comum o trabalhador ter de aprender um novo ofício para se inserir no mercado. Na social (que é a capacidade de viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. Além dessas, há outra dimensão de aprendizagem muito pertinente neste momento: a relação das pessoas com o meio ambiente. Todos nós temos a necessidade de nos reeducarmos no que se refere a essa questão. Precisamos praticar novos paradigmas de sustentabilidade e novos hábitos de consumo.
Qual a importância dos programas de alfabetização de adultos no Brasil?
Existe uma vontade política muito forte de reduzir as estatísticas de analfabetismo. Para um país que pretende ser uma potência mundial, ter um número significativo de pessoas que não sabem ler e escrever é um ruído na imagem. Também é essencial lembrar que esse é um dos indicadores usados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por fim, no campo pedagógico, a alfabetização representa o alicerce do processo de Educação, o portal pelo qual é necessário passar para poder continuar aprendendo.
Como adequar esses programas a um mundo em que o conceito de alfabetização tem se ampliado?
De acordo com o conceito da Unesco, a alfabetização é a habilidade para identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos. Dessa forma, o essencial é compreender que ela não é mais entendida apenas como o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Para uma pessoa realmente possuir essas habilidades, ela tem de concluir pelo menos o Ensino Fundamental.
Quais são os países mais bem-sucedidos na EJA hoje?
Existem alguns com uma forte tradição nessa área, como Inglaterra, França e Itália, que têm introduzido na legislação o conceito de Educação ao longo da vida. Em geral, os europeus reconhecem o papel da EJA para o futuro social e econômico. Entre as nações emergentes, também há bons exemplos. Um deles é a Coreia do Sul, que estabeleceu dois planos nacionais de cinco anos para o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida. Outro é a China. Na América Latina, Cuba tem investido em Educação para todos e com qualidade. Prever verbas para a EJA é crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.
Segundo dados da Unesco referentes à América do Sul, a taxa de analfabetismo no Brasil só não é pior que a do Peru. Por que estamos tão mal?
Eu apontaria três fatores principais. Primeiro, a riqueza natural do Brasil. Talvez ela tenha contribuído para que a Educação não fosse prioridade. Com tantos recursos, parecia não ser necessário investir nas pessoas. O segundo é que, obviamente, oferecer ensino em um país do tamanho do Brasil é muito mais difícil do que em outros menores, como o Uruguai e o Paraguai. Por fim, creio que não exista uma valorização da Educação. Só recentemente os governantes começaram a entendê-la como essencial para o desenvolvimento sustentável. Durante muito tempo, ela não tinha valor social nem para o próprio povo.
Houve avanços nos últimos tempos?
Um esforço muito maior tem sido feito recentemente, com investimentos nessa área. O fato de a EJA ter sido incluída no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi fundamental para garantir uma fonte estável de recursos. Antigamente, se escolhia uma fase da Educação como foco, mas o governo atual tem uma visão sistêmica do setor e defende o investimento em todos os níveis de ensino.
O que falta para que o Brasil tenha menos demanda para a EJA?
Há um problema sério. Muitos jovens que saem da escola semianalfabetos se matriculam na EJA. Eles não deveriam migrar para essa modalidade por falta de qualidade na escola regular. Para que um nível não gere demandas desnecessárias para outro e como forma de garantir continuidade nos estudos aos que aprendem a ler e escrever, é necessário estabelecer um projeto de políticas de alfabetização articulado com outros níveis de ensino. Aliado a isso, é necessário também investir mais na profissionalização dos educadores.
Os professores não estão bem preparados para educar jovens e adultos?
Obviamente existem os que são muitos bons. Na maioria dos casos, os educadores desse público são improvisados e não têm preparo específico para atender esse público. Há formas diferenciadas de trabalhar com EJA e menos de 2% dos cursos de Pedagogia oferecem formação específica para esse fim.
Dados da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade mostram que a evasão no Ensino Fundamental na EJA chega a 20%. Como evitar isso?
Há diversas variáveis interferindo nesse processo. Muitas vezes, o estudante não deixa voluntariamente a escola. Faz isso por causa da família ou do trabalho. Também existe a questão da qualidade do curso oferecido. Falta pensar a EJA com base nas demandas de aprendizagem dessa clientela específica. É importante reconhecer que a maioria dos estudantes que procuram concluir a Educação formal também carece de qualificação profissional e, por isso, deve-se articular a formação deles com a Educação continuada.
Como isso pode ser feito?
Há duas iniciativas do governo que representam um grande avanço na área: o Proeja (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) e o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).
Além dessa relação com o mundo do trabalho, há outras a promover?
Sem dúvida. O MEC tem um papel importante de coordenar políticas que busquem a interface com outros setores. Já há relações fortes com a comunicação e a saúde. Pesquisas mostram claramente que mulheres com maior escolaridade cuidam melhor do bem-estar dos filhos. Há outros pontos que permeiam os dois campos. Os ministérios da Educação e da Saúde, por exemplo, se articularam para providenciar exames de vista e óculos para os que estão matriculados no programa Brasil Alfabetizado. Isso já ocorria com crianças, mas o reconhecimento de que o problema também afeta os mais velhos é muito bom.
O que mudou na área desde a última Confintea, em Hamburgo? As metas estabelecidas foram cumpridas?
IRELAND - Na edição de 1997, abriu-se muito o leque de responsabilidades a que a EJA tinha de atender. Além de contribuir para o desenvolvimento de cada ser humano, ela tinha de contemplar a questão do mundo do trabalho e até a paz mundial. Foram criadas demandas além de sua própria capacidade. No período imediatamente posterior à reunião, houve muito otimismo. Achava-se que os compromissos iriam se reverter em novos investimentos e esforços por parte dos governos. Mas isso não se deu. Quando se fala da avaliação da Confintea de Hamburgo, hoje o que sobressai é passar da retórica para a ação.
Quais são, então, os desafios atuais?
Atender a expectativas criadas em Hamburgo e também contemplar a crise financeira e econômica, que resultou na recessão global. Não há como negar que a EJA tem demandas próprias. É impossível desenvolver programas de qualidade sem que os recursos estejam garantidos. Normalmente, nas escolas são improvisados o local para essas aulas, os materiais utilizados e os educadores. Pra resolver isso, a profissionalização do corpo docente e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem são fundamentais. Em termos de gestão, é essencial implementar políticas de forma mais efetiva, transparente, eficaz e responsável, envolvendo na decisão representantes dos segmentos que participam da EJA - como a sociedade civil.
Criar políticas é papel da Confintea?
Em geral, a conferência estabelece linhas ou orientações políticas, mas é necessário que ela crie mecanismos para avaliar o que está sendo feito.
Quer saber mais?
Informações sobre a Confintea, documentos e dados sobre EJA nos países participantes
entrevista
Objetivos maiores que a alfabetização: EJA – Educação para Jovens e Adultos
Para o especialista inglês, Timothy Ireland, é desafio da modalidade de ensino preparar para o mercado de trabalho e um mundo em transformação
Paula Sato
Revista Nova Escola - 06/2009
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a escola. Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios desse tipo de ensino, agora se inclui também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho - o que ganha destaque nestes tempos de crise econômica. "Hoje sabemos do valor da aprendizagem contínua em todas as fases da vida, e não somente durante a infância e a juventude", afirma o inglês Timothy Ireland, mestre e doutor na área e especialista em Educação da representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.
Diretor do Departamento de EJA do Ministério da Educação (MEC) de 2004 a 2007, Ireland foi o responsável pela coordenação da sexta edição da Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), o mais importante encontro do mundo na área, que ocorre apenas a cada 12 anos. Sediado em Belém do Pará entre os dias 19 e 22 de maio, o evento foi realizado pela primeira vez na América Latina. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA antes do início da conferência, Ireland apresenta um panorama de sua área e fala das principais questões que preocupam os estudiosos e dos desafios ainda a vencer.
Quando o assunto é EJA, se pensa em primeiro lugar na alfabetização. Essa é a função principal dela?
A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única. No Brasil, a EJA tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando crianças, o que é um erro. A Unesco trabalha com o conceito dos quatro pilares, surgido do desafio apresentado por um mundo em rápida transformação: precisamos aprender a ser, a viver juntos, a fazer e a conhecer. Também há o desafio da participação, da inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que prevê o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de grupos. O Brasil tem segmentos com características bem definidas, como os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as pessoas mais velhas. Todos têm direito à Educação.
O que gerou tantas transformações nessa modalidade de ensino?
Isso ocorreu porque a Educação tem de acompanhar as mudanças que estão acontecendo e interagir com elas. O processo educativo, idealmente, começa na infância e termina somente na velhice. Dessa forma, a EJA tem de ser vista numa perspectiva mais ampla, dentro do conceito de Educação e aprendizagem que ocorre ao longo da vida.
O que essa aprendizagem contínua contempla?
O processo tem três dimensões: a individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua profissão. Um médico, um engenheiro, um físico, todos os profissionais precisam se requalificar. Em momentos de crise, como o atual, isso fica ainda mais necessário. É comum o trabalhador ter de aprender um novo ofício para se inserir no mercado. Na social (que é a capacidade de viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. Além dessas, há outra dimensão de aprendizagem muito pertinente neste momento: a relação das pessoas com o meio ambiente. Todos nós temos a necessidade de nos reeducarmos no que se refere a essa questão. Precisamos praticar novos paradigmas de sustentabilidade e novos hábitos de consumo.
Qual a importância dos programas de alfabetização de adultos no Brasil?
Existe uma vontade política muito forte de reduzir as estatísticas de analfabetismo. Para um país que pretende ser uma potência mundial, ter um número significativo de pessoas que não sabem ler e escrever é um ruído na imagem. Também é essencial lembrar que esse é um dos indicadores usados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por fim, no campo pedagógico, a alfabetização representa o alicerce do processo de Educação, o portal pelo qual é necessário passar para poder continuar aprendendo.
Como adequar esses programas a um mundo em que o conceito de alfabetização tem se ampliado?
De acordo com o conceito da Unesco, a alfabetização é a habilidade para identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos. Dessa forma, o essencial é compreender que ela não é mais entendida apenas como o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Para uma pessoa realmente possuir essas habilidades, ela tem de concluir pelo menos o Ensino Fundamental.
Quais são os países mais bem-sucedidos na EJA hoje?
Existem alguns com uma forte tradição nessa área, como Inglaterra, França e Itália, que têm introduzido na legislação o conceito de Educação ao longo da vida. Em geral, os europeus reconhecem o papel da EJA para o futuro social e econômico. Entre as nações emergentes, também há bons exemplos. Um deles é a Coreia do Sul, que estabeleceu dois planos nacionais de cinco anos para o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida. Outro é a China. Na América Latina, Cuba tem investido em Educação para todos e com qualidade. Prever verbas para a EJA é crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.
Segundo dados da Unesco referentes à América do Sul, a taxa de analfabetismo no Brasil só não é pior que a do Peru. Por que estamos tão mal?
Eu apontaria três fatores principais. Primeiro, a riqueza natural do Brasil. Talvez ela tenha contribuído para que a Educação não fosse prioridade. Com tantos recursos, parecia não ser necessário investir nas pessoas. O segundo é que, obviamente, oferecer ensino em um país do tamanho do Brasil é muito mais difícil do que em outros menores, como o Uruguai e o Paraguai. Por fim, creio que não exista uma valorização da Educação. Só recentemente os governantes começaram a entendê-la como essencial para o desenvolvimento sustentável. Durante muito tempo, ela não tinha valor social nem para o próprio povo.
Houve avanços nos últimos tempos?
Um esforço muito maior tem sido feito recentemente, com investimentos nessa área. O fato de a EJA ter sido incluída no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi fundamental para garantir uma fonte estável de recursos. Antigamente, se escolhia uma fase da Educação como foco, mas o governo atual tem uma visão sistêmica do setor e defende o investimento em todos os níveis de ensino.
O que falta para que o Brasil tenha menos demanda para a EJA?
Há um problema sério. Muitos jovens que saem da escola semianalfabetos se matriculam na EJA. Eles não deveriam migrar para essa modalidade por falta de qualidade na escola regular. Para que um nível não gere demandas desnecessárias para outro e como forma de garantir continuidade nos estudos aos que aprendem a ler e escrever, é necessário estabelecer um projeto de políticas de alfabetização articulado com outros níveis de ensino. Aliado a isso, é necessário também investir mais na profissionalização dos educadores.
Os professores não estão bem preparados para educar jovens e adultos?
Obviamente existem os que são muitos bons. Na maioria dos casos, os educadores desse público são improvisados e não têm preparo específico para atender esse público. Há formas diferenciadas de trabalhar com EJA e menos de 2% dos cursos de Pedagogia oferecem formação específica para esse fim.
Dados da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade mostram que a evasão no Ensino Fundamental na EJA chega a 20%. Como evitar isso?
Há diversas variáveis interferindo nesse processo. Muitas vezes, o estudante não deixa voluntariamente a escola. Faz isso por causa da família ou do trabalho. Também existe a questão da qualidade do curso oferecido. Falta pensar a EJA com base nas demandas de aprendizagem dessa clientela específica. É importante reconhecer que a maioria dos estudantes que procuram concluir a Educação formal também carece de qualificação profissional e, por isso, deve-se articular a formação deles com a Educação continuada.
Como isso pode ser feito?
Há duas iniciativas do governo que representam um grande avanço na área: o Proeja (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) e o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).
Além dessa relação com o mundo do trabalho, há outras a promover?
Sem dúvida. O MEC tem um papel importante de coordenar políticas que busquem a interface com outros setores. Já há relações fortes com a comunicação e a saúde. Pesquisas mostram claramente que mulheres com maior escolaridade cuidam melhor do bem-estar dos filhos. Há outros pontos que permeiam os dois campos. Os ministérios da Educação e da Saúde, por exemplo, se articularam para providenciar exames de vista e óculos para os que estão matriculados no programa Brasil Alfabetizado. Isso já ocorria com crianças, mas o reconhecimento de que o problema também afeta os mais velhos é muito bom.
O que mudou na área desde a última Confintea, em Hamburgo? As metas estabelecidas foram cumpridas?
IRELAND - Na edição de 1997, abriu-se muito o leque de responsabilidades a que a EJA tinha de atender. Além de contribuir para o desenvolvimento de cada ser humano, ela tinha de contemplar a questão do mundo do trabalho e até a paz mundial. Foram criadas demandas além de sua própria capacidade. No período imediatamente posterior à reunião, houve muito otimismo. Achava-se que os compromissos iriam se reverter em novos investimentos e esforços por parte dos governos. Mas isso não se deu. Quando se fala da avaliação da Confintea de Hamburgo, hoje o que sobressai é passar da retórica para a ação.
Quais são, então, os desafios atuais?
Atender a expectativas criadas em Hamburgo e também contemplar a crise financeira e econômica, que resultou na recessão global. Não há como negar que a EJA tem demandas próprias. É impossível desenvolver programas de qualidade sem que os recursos estejam garantidos. Normalmente, nas escolas são improvisados o local para essas aulas, os materiais utilizados e os educadores. Pra resolver isso, a profissionalização do corpo docente e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem são fundamentais. Em termos de gestão, é essencial implementar políticas de forma mais efetiva, transparente, eficaz e responsável, envolvendo na decisão representantes dos segmentos que participam da EJA - como a sociedade civil.
Criar políticas é papel da Confintea?
Em geral, a conferência estabelece linhas ou orientações políticas, mas é necessário que ela crie mecanismos para avaliar o que está sendo feito.
Quer saber mais?
Informações sobre a Confintea, documentos e dados sobre EJA nos países participantes
Diretor do Departamento de EJA do Ministério da Educação (MEC) de 2004 a 2007, Ireland foi o responsável pela coordenação da sexta edição da Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), o mais importante encontro do mundo na área, que ocorre apenas a cada 12 anos. Sediado em Belém do Pará entre os dias 19 e 22 de maio, o evento foi realizado pela primeira vez na América Latina. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA antes do início da conferência, Ireland apresenta um panorama de sua área e fala das principais questões que preocupam os estudiosos e dos desafios ainda a vencer.
Quando o assunto é EJA, se pensa em primeiro lugar na alfabetização. Essa é a função principal dela?
A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única. No Brasil, a EJA tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando crianças, o que é um erro. A Unesco trabalha com o conceito dos quatro pilares, surgido do desafio apresentado por um mundo em rápida transformação: precisamos aprender a ser, a viver juntos, a fazer e a conhecer. Também há o desafio da participação, da inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que prevê o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de grupos. O Brasil tem segmentos com características bem definidas, como os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as pessoas mais velhas. Todos têm direito à Educação.
O que gerou tantas transformações nessa modalidade de ensino?
Isso ocorreu porque a Educação tem de acompanhar as mudanças que estão acontecendo e interagir com elas. O processo educativo, idealmente, começa na infância e termina somente na velhice. Dessa forma, a EJA tem de ser vista numa perspectiva mais ampla, dentro do conceito de Educação e aprendizagem que ocorre ao longo da vida.
O que essa aprendizagem contínua contempla?
O processo tem três dimensões: a individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua profissão. Um médico, um engenheiro, um físico, todos os profissionais precisam se requalificar. Em momentos de crise, como o atual, isso fica ainda mais necessário. É comum o trabalhador ter de aprender um novo ofício para se inserir no mercado. Na social (que é a capacidade de viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. Além dessas, há outra dimensão de aprendizagem muito pertinente neste momento: a relação das pessoas com o meio ambiente. Todos nós temos a necessidade de nos reeducarmos no que se refere a essa questão. Precisamos praticar novos paradigmas de sustentabilidade e novos hábitos de consumo.
Qual a importância dos programas de alfabetização de adultos no Brasil?
Existe uma vontade política muito forte de reduzir as estatísticas de analfabetismo. Para um país que pretende ser uma potência mundial, ter um número significativo de pessoas que não sabem ler e escrever é um ruído na imagem. Também é essencial lembrar que esse é um dos indicadores usados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por fim, no campo pedagógico, a alfabetização representa o alicerce do processo de Educação, o portal pelo qual é necessário passar para poder continuar aprendendo.
Como adequar esses programas a um mundo em que o conceito de alfabetização tem se ampliado?
De acordo com o conceito da Unesco, a alfabetização é a habilidade para identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos. Dessa forma, o essencial é compreender que ela não é mais entendida apenas como o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Para uma pessoa realmente possuir essas habilidades, ela tem de concluir pelo menos o Ensino Fundamental.
Quais são os países mais bem-sucedidos na EJA hoje?
Existem alguns com uma forte tradição nessa área, como Inglaterra, França e Itália, que têm introduzido na legislação o conceito de Educação ao longo da vida. Em geral, os europeus reconhecem o papel da EJA para o futuro social e econômico. Entre as nações emergentes, também há bons exemplos. Um deles é a Coreia do Sul, que estabeleceu dois planos nacionais de cinco anos para o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida. Outro é a China. Na América Latina, Cuba tem investido em Educação para todos e com qualidade. Prever verbas para a EJA é crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.
Segundo dados da Unesco referentes à América do Sul, a taxa de analfabetismo no Brasil só não é pior que a do Peru. Por que estamos tão mal?
Eu apontaria três fatores principais. Primeiro, a riqueza natural do Brasil. Talvez ela tenha contribuído para que a Educação não fosse prioridade. Com tantos recursos, parecia não ser necessário investir nas pessoas. O segundo é que, obviamente, oferecer ensino em um país do tamanho do Brasil é muito mais difícil do que em outros menores, como o Uruguai e o Paraguai. Por fim, creio que não exista uma valorização da Educação. Só recentemente os governantes começaram a entendê-la como essencial para o desenvolvimento sustentável. Durante muito tempo, ela não tinha valor social nem para o próprio povo.
Houve avanços nos últimos tempos?
Um esforço muito maior tem sido feito recentemente, com investimentos nessa área. O fato de a EJA ter sido incluída no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi fundamental para garantir uma fonte estável de recursos. Antigamente, se escolhia uma fase da Educação como foco, mas o governo atual tem uma visão sistêmica do setor e defende o investimento em todos os níveis de ensino.
O que falta para que o Brasil tenha menos demanda para a EJA?
Há um problema sério. Muitos jovens que saem da escola semianalfabetos se matriculam na EJA. Eles não deveriam migrar para essa modalidade por falta de qualidade na escola regular. Para que um nível não gere demandas desnecessárias para outro e como forma de garantir continuidade nos estudos aos que aprendem a ler e escrever, é necessário estabelecer um projeto de políticas de alfabetização articulado com outros níveis de ensino. Aliado a isso, é necessário também investir mais na profissionalização dos educadores.
Os professores não estão bem preparados para educar jovens e adultos?
Obviamente existem os que são muitos bons.
Na maioria dos casos, os educadores desse público são improvisados e não têm preparo específico para atender esse público. Há formas diferenciadas de trabalhar com EJA e menos de 2% dos cursos de Pedagogia oferecem formação específica para esse fim.
Dados da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade mostram que a evasão no Ensino Fundamental na EJA chega a 20%. Como evitar isso?
Há diversas variáveis interferindo nesse processo. Muitas vezes, o estudante não deixa voluntariamente a escola. Faz isso por causa da família ou do trabalho. Também existe a questão da qualidade do curso oferecido. Falta pensar a EJA com base nas demandas de aprendizagem dessa clientela específica. É importante reconhecer que a maioria dos estudantes que procuram concluir a Educação formal também carece de qualificação profissional e, por isso, deve-se articular a formação deles com a Educação continuada.
Como isso pode ser feito?
Há duas iniciativas do governo que representam um grande avanço na área: o Proeja (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) e o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).
Além dessa relação com o mundo do trabalho, há outras a promover?
Sem dúvida. O MEC tem um papel importante de coordenar políticas que busquem a interface com outros setores. Já há relações fortes com a comunicação e a saúde. Pesquisas mostram claramente que mulheres com maior escolaridade cuidam melhor do bem-estar dos filhos. Há outros pontos que permeiam os dois campos. Os ministérios da Educação e da Saúde, por exemplo, se articularam para providenciar exames de vista e óculos para os que estão matriculados no programa Brasil Alfabetizado. Isso já ocorria com crianças, mas o reconhecimento de que o problema também afeta os mais velhos é muito bom.
O que mudou na área desde a última Confintea, em Hamburgo? As metas estabelecidas foram cumpridas?
IRELAND - Na edição de 1997, abriu-se muito o leque de responsabilidades a que a EJA tinha de atender. Além de contribuir para o desenvolvimento de cada ser humano, ela tinha de contemplar a questão do mundo do trabalho e até a paz mundial. Foram criadas demandas além de sua própria capacidade. No período imediatamente posterior à reunião, houve muito otimismo. Achava-se que os compromissos iriam se reverter em novos investimentos e esforços por parte dos governos. Mas isso não se deu. Quando se fala da avaliação da Confintea de Hamburgo, hoje o que sobressai é passar da retórica para a ação.
Quais são, então, os desafios atuais?
Atender a expectativas criadas em Hamburgo e também contemplar a crise financeira e econômica, que resultou na recessão global. Não há como negar que a EJA tem demandas próprias. É impossível desenvolver programas de qualidade sem que os recursos estejam garantidos. Normalmente, nas escolas são improvisados o local para essas aulas, os materiais utilizados e os educadores. Pra resolver isso, a profissionalização do corpo docente e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem são fundamentais. Em termos de gestão, é essencial implementar políticas de forma mais efetiva, transparente, eficaz e responsável, envolvendo na decisão representantes dos segmentos que participam da EJA - como a sociedade civil.
Criar políticas é papel da Confintea?
Em geral, a conferência estabelece linhas ou orientações políticas, mas é necessário que ela crie mecanismos para avaliar o que está sendo feito.
FONTE:http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/conteudo_476364.shtml?func=1&pag=1&fnt=9pt
Postado por EJA SAPUCAIA DO SUL às 16:43 1 comentários