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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MUITA ATENÇÃO!

Materia do Correio Brasiliense de 04/08/2009

Educação: quase 10 mil vagas sobrando para jovens e adultos
EJA não conseguiu preencher este semestre toda a oferta de ensino, embora cerca de 10% da população do DF, ou 203 mil pessoas, não tenha mais que quatro anos de estudos. Ainda é possível se matricular nos cursos oferecidos pelo programa. Erika Klingl -Publicação: 04/08/2009 08:01 Atualização: 04/08/2009 08:21


Balanço

O mais impressionante é que sobram vagas na EJA. As matrículas para as aulas desse semestre estão abertas e, no último levantamento divulgado pela Secretaria de Educação, há duas semanas, havia uma sobra de 9.456 vagas para essa modalidade de ensino. “O balanço de vagas disponíveis baseia-se em informações fornecidas pelas escolas à secretaria até dia 17, mas, em decorrência de desistências, o número poderá ser ainda maior”, cita o documento divulgado. O mais grave: a sobra equivale a 45% da oferta. A baixa procura acendeu a luz amarela no governo, que já estuda alterações na EJA (veja abaixo Cinco perguntas para o secretário José Luiz Valente).
“As redes federal, estaduais e municipais reclamam da falta de alunos e os estudantes se queixam da falta de vagas”, observa Jorge Teles, diretor da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do Ministério da Educação.

1 - DIFICULDADES
Analfabeto funcional é a pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar letras e algumas frases e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o indivíduo maior de 15 anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos.

» Fique atento
As matrículas da EJA estão sempre abertas. Os interessados em voltar a estudar devem procurar a escola mais próxima de casa ou do trabalho, que oferece essa modalidade de ensino. É necessário levar documento de identificação pessoal (original e cópia), duas fotos 3X4, comprovante de endereço, histórico escolar ou declaração provisória de escolaridade fornecida pela instituição de ensino onde o aluno estudou.

» O que diz a lei
A Constituição Federal de 1988 representou um avanço significativo na educação de jovens e adultos. Foi ela que garantiu o direito irrestrito do ensino. No artigo 208, está a determinação de que a educação deve ser oferecida a todos aqueles que não tiveram acesso à escola regular e básica, independentemente da faixa etária, garantindo assim um atendimento também a jovens e adultos que anteriormente eram excluídos do direito à educação. Confirmando essa conquista, a LDB 9.394/96 estabelece em seu artigo 37 os deveres do Estado de estender o direito à educação a todos, inclusive àqueles que a ela não tiveram acesso na idade própria.

» Oportunidade
O Ministério da Educação está selecionando livros de escritores brasileiros e africanos de língua portuguesa para o ensino de jovens e adultos no Concurso Literatura para Todos. Até o dia 25 deste mês, os autores interessados em inscrever as publicações voltadas para esse público podem entrar no site do MEC (www.mec.gov.br/secad). O concurso vai distribuir R$ 90 mil entre oito escritores brasileiros e um de país africano de língua portuguesa — Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Cada autor selecionado receberá R$ 10 mil em dinheiro e terá a obra publicada e distribuída pelo MEC. Com um mínimo de 30 e o máximo de 40 páginas, as obras devem ser inéditas e específicas para novos leitores, que ainda estão aprendendo a ler e a escrever.

» Perfil

Quem são os alunos da EJA, de acordo com um estudo do IBGE divulgado no início deste ano:
- A maioria são mulheres (54%), de baixa renda, na faixa etária entre os 18 e 39 anos de idade; 70% responderam que procuraram a EJA para voltar a estudar ou para adiantar os estudos;
- Apenas 19% dos entrevistados responderam que a motivação para estudar era para conseguir melhores oportunidades de trabalho

» Iniciativa que deu certo

A turma é pequena. São apenas 25 alunos. No entanto, a equipe do Centro de Ensino Médio 3 de Ceilândia comemora diariamente o processo de ensino de jovens e adultos. E não é à toa. Dos 25 alunos, nenhum abandonou a sala de aula no primeiro ano de projeto. O motivo de tanta aplicação dos estudantes, de acordo com o professor da Faculdade de Educação e coordenador do projeto na UnB, Remi Castioni, é o diferencial oferecido no ensino. “Apenas 800 metros separam a escola do Centro de Ensino Profissionalizante (CEP). Mesclamos as duas formações e tornamos a educação mais atraente para os jovens e adultos”, observa.
O projeto, inédito no país, começou no ano passado e, até o momento, foi considerado um sucesso. Tanto que a equipe já pensa em levá-lo a um quarto da população do DF. São quase 700 mil pessoas com mais de 15 anos que abandonaram a escola e precisam trabalhar para garantir a sobrevivência. Iniciativa inédita vai garantir que esse contingente volte a estudar e, ao mesmo tempo, seja inserido no mercado de trabalho.
O projeto é uma parceria entre a UnB, a Secretaria de Educação, a Secretaria de Ciência e Tecnologia e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília. “Vamos institucionalizar a política de integração entre a EJA e o ensino profissionalizante”, planeja o professor. Por enquanto, os alunos de Ceilândia têm oficinas de informática e desenho gráfico. Castioni pensa em expandir para outras áreas profissionalizantes. (EK)

Demanda da EJA no país
Alfabetização
Oferta atual - 1,3 milhão
Demanda - 14,3 milhões
Atendimento - 9%

Primeiro segmento
Oferta atual - 1,4 milhão
Demanda - 15 milhões
Atendimento - 9,2%

Segundo segmento
Oferta atual - 2,2 milhões
Demanda - 33,8 milhões
Atendimento - 6,7%

Terceiro segmento
Oferta atual - 1,6 milhão
Demanda - 21,9 milhões
Atendimento - 7,4%

ABANDONO ESCOLAR DE JOVENS E ADULTOS » 32% dos alunos do EJA deixam de frequentar as aulas antes do tempo O número é alto, mas está abaixo da média nacional, de 42%. Governo estuda mudanças para o programa. Erika Klingl - Publicação: 04/08/2009 08:00 Atualização: 04/08/2009 08:24


Todos os semestres, milhares de brasilienses se inscrevem em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na esperança de recuperar o tempo perdido. São pais e mães de família, trabalhadores informais ou desempregados que, em comum, têm o passado marcado pela pobreza e o abandono dos bancos de escola antes da hora. No decorrer das semanas, as salas de aula cheias dessas pessoas seguem esvaziando até que, na hora de pegar o certificado de conclusão do curso, o número de formandos é bem menor do que o inicial.
Começaram ontem as aulas das novas turmas da EJA, mas professores, gestores do ensino e, principalmente, os alunos já sabem o que vai acontecer com parte dos 60 mil estudantes matriculados. “Entrei na escola e a sala tinha umas 45 pessoas. No final, ficaram menos de 20”, observa Ivone Rodrigues da Silva, de 35 anos, moradora da Estrutural. A auxiliar de serviços gerais só estudou até a 4ª série do ensino fundamental quando era criança. Ela era pequena quando os pais se separaram de forma violenta. “Minha mãe foi proibida pelo meu pai de entrar em casa. Virei mãe dos meus cinco irmãos mais novos. Com 12 anos, parei de estudar”, lembra. A primeira vez que ela tentou voltar a estudar já faz 10 anos. “Fiz a 5ª série lá em Samambaia, mas tive que largar outra vez. Também porque tinha coisa mais importante para fazer”, completa.
O abandono de Ivone está longe de ser solitário. No Distrito Federal, a média de evasão da EJA é de 32%, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluída no início do ano. No Brasil, este índice é de 42%. “A taxa do DF é uma das menores do país junto de São Paulo e está bem longe dos estados do Nordeste mas, sem dúvida, ainda é muito alta”, comenta o diretor da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), Jorge Teles, do Ministério da Educação. “Na nossa investigação sobre os motivos do abandono, descobrimos que quase 30% se queixa que o horário da aula não é compatível com a vida”, acrescenta.


Histórico
De acordo com o diretor do MEC, o problema é de origem. A EJA ainda é a mesma da década de 1970, quando a maioria dos alunos era da indústria e deixava o trabalho por volta das 17h. “Hoje, com crescimento do setor terciário (serviços), precisamos incluir os vigias, serventes, trabalhadores do comércio…”, comenta Jorge Teles.
No início do ano, incentivada pela irmã mais velha, Ivone decidiu que era hora de voltar à escola. “Estudei todo o ensino fundamental e resolvi terminar o ensino médio. Encho a cabeça para que ela não desista mais”, diz Ilídia Pereira da Silva, 37 anos. “Queremos ser exemplo para nossos filhos que estão na escola e precisam da educação para ser alguém na vida”, sentencia.
Sem saber, Ilídia está investindo concretamente no futuro dos filhos e sobrinhos. “Todos os estudos mostram que a escolaridade dos filhos tem relação estreita com a dos pais”, argumenta Regina Célia Esteves de Siqueira, superintendente executiva da Alfabetização Solidária, organização não-governamental que atendeu 5,5 milhões de pessoas em 13 anos.
Filho de pai e mãe analfabetos, Tierrisson Allef Fiúza, 16 anos, morador de Águas Lindas (GO) acaba de abandonar a escola pela segunda vez. Matriculado na 4ª série do ensino fundamental, ele não quer mais estudar. “Melhor pegar ferro velho para vender porque, com isso, eu consigo levar dinheiro para casa.”

Público-alvo
EJA é o segmento de ensino que recebe os jovens e adultos que não completaram os anos da educação básica em idade apropriada e querem voltar a estudar. No início dos anos 90, o programa passou a incluir as classes de alfabetização inicial.

» Desempenho preocupante

A educação de jovens e adultos também sofre com baixos índices de desempenho. Segundo a Secretaria de Educação, 44% dos alunos do primeiro segmento da EJA, ou seja, matriculados entre a 1ª e a 4ª séries, tiveram notas inferiores ao básico em matemática no Sistema de Avaliação de Desempenho das Instituições Educacionais (Siade). A porcentagem é superior ao dobro do ensino regular, que foi de 20%. Ficaram abaixo do desempenho básico 52% dos alunos entre 5ª e 8ª séries e 76% dos matriculados no ensino médio.
Em português, o baixo desempenho é um pouco melhor. A maioria dos alunos do primeiro segmento (65%) teve desempenho, no mínimo, básico. No ensino regular, o índice de aproveitamento dos alunos é bem maior: 89% de notas positivas. No segundo segmento do EJA, 57% alcançaram o conhecimento básico. No terceiro, o mesmo percentual não alcançou.
As provas do Siade servem de base para um índice de desempenho que a Secretaria de Educação está desenvolvendo para acompanhar a melhora no ensino do DF.

» Os motivos

Dentre os motivos para a não conclusão do curso de EJA, os principais foram: o horário das aulas não era compatível com o de trabalho ou para procurar trabalho (27,9%); ou com o dos afazeres domésticos (13,6%); não havia curso próximo à residência (5,5%); não havia curso próximo ao local de trabalho (1,1%); não teve interesse em fazer o curso (15,6%); tinha dificuldade de acompanhar o curso (13,6%). Apenas 0,7% disse não ter conseguido vaga.

Cinco perguntas para José Luiz Valente, secretário de Educação do DF

Existem milhares de analfabetos e analfabetos funcionais no DF. Por que sobram vagas no EJA?

Por que o Governo do Distrito Federal não trabalha para reduzir o número de analfabetos e analfabetos funcionais só por meio do 1º segmento da EJA, destinado a este público. Trabalhamos ainda por intermédio do Programa ABCdf , que desenvolve com sucesso ações para erradicar o analfabetismo, e do Programa Brasil Alfabetizado do Ministério da Educação. Portanto, não podemos considerar somente a sobra de vagas no 1º segmento da EJA. Estamos aptos a atender a todos os que optarem por esta modalidade de ensino.

A evasão também é alta. Vocês já sabem o motivo de tanta desistência?
São diversos os fatores que levam à evasão na EJA. É importante considerar que o MEC promove o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos – ENCCEJA. Muitos dos nossos estudantes realizam os exames, obtêm sucesso e abandonam suas escolas por conseguirem a titulação necessária. Em recente pesquisa, o IBGE aponta como principal motivo para o abandono do curso a dificuldade de encaixar o horário das aulas com o horário de trabalho, bem como o desinteresse pelo curso oferecido.

O ensino não é interessante o suficiente para os adultos?

Na EJA, o modelo de escolarização é diferenciado. Deve-se levar em consideração que o educando trás para a escola a sua mais importante e significativa aprendizagem. Chega com experiência de vida e isto deve ser percebido pelo professor de maneira bastante sensível. Portanto, estamos estudando a implantação de um currículo específico de EJA e de uma nova proposta pedagógica voltada para o interesse deste público. A ideia central é proporcionar ao aluno da EJA um ensino mais atraente.

Qual a proposta da secretaria para atrair os novos alunos?

Estamos discutindo inúmeras mudanças. Estamos identificando os diversos fatores que levam à evasão. Daí então vamos atuar em diferentes frentes, desde a formação continuada do professor atuante na Educação de Jovens e Adultos, implantação do currículo específico para a EJA e ainda aquisição dos livros para os alunos acompanharem seus estudos. Aliás, neste instante, a sociedade está voltada para essa discussão. A EJA é um problema nacional. Em parceria com a UnB e o Sinpro, estamos promovendo, no próximo dia 15, na EAPE, o 18º Encontro de Educação de Jovens e Adultos do Distrito Federal. Vamos beber em várias fontes na tentativa de resolver um problema que é do mundo inteiro.

E para manter os que já estão no sistema?

A SEDF está elaborando uma nova proposta pedagógica para o ensino de EJA para 2010.

FONTE: http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=4233

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